Quando foi o fim do futebol arte?
Derrubando mitos e tabus – Os brasileiros e os profissionais de alguma forma ligados ao futebol costumam dizer que o futebol arte morreu no exato instante em que acabou a partida do Brasil contra a Itália, em 1982, na Copa da Espanha. Depois de ler algumas coisas sobre Copas anteriores à de 82, não consigo mais concordar com essa afirmação.
Uma das coisas que li é que, na Copa de 1954, a Hungria jogava com um futebol bonito, que podia ser considerado arte. Foi às finais, inclusive depois de ganhar um jogo contra o Brasil, e perdeu. Perdeu para o futebol força alemão, tradicionalmente feio, duro e ranzinza.
Por que será que, nessa época, ninguém se atreveu a dizer que o futebol arte morrera? Só porque a Copa era uma criação relativamente recente? Ou porque o Brasil ainda jogava bonito? Brasil, sim, porque, antes de Garrincha, Pelé e cia., houve pelo menos um jogador considerado grande e mestre: Leônidas, o inventor da bicicleta, um dos maiores jogadores do São Paulo de todos os tempos, mas certamente o primeiro grande.
Bom, voltemos a 1982. Por que, então, todos – principalmente, os brasileiros – insistem em dizer que o futebol arte morreu na derrota para a Itália? Não sei, porque não sou analista nem psicólogo das massas. Mas talvez – e muito provavelmente – tenha relação com o fato de não aceitarmos – nem nós nem ninguém – aquela derrota absurda e inexplicável para os italianos.
A não-aceitação da derrota foi muito bem analisada por Tales A.M. Ab’Sáber, psicanalista que escreveu um belíssimo artigo na penúltima edição do caderno Mais!, da Folha de S. Paulo, como vi depois de pensar em escrever este post (só vi o conteúdo dessa edição esta semana). O desejo de apagarmos da memória a Tragédia do Sarriá é tão grande que acabamos inventando desculpas para justificar a derrota da nossa melhor seleção de todos os tempos – talvez a melhor de todas em toda a história das Copas.
Se você não tem um email do UOL para ler o artigo, clique no link abaixo para ver o artigo completo.