Lisbela e o Prisioneiro
Frederico Evandro, o matador de aluguel
Assisti ontem. Metafórico (o cinema que vê o cinema que vê o cinema), bonitinho, ligeiro e engraçado até não poder mais. Por inúmeros motivos, Lisbela e o Prisioneiro se assemelha muito a O Auto da Compadecida, seja pelo diretor (Guel Arraes), seja pelos atores (Marco Nanini, Selton Mello), seja pelas locações (o Nordeste, mais exatamente Pernambuco). Até o enredo de comédia romântica se aproxima do Auto.
Uma das coisas que mais gosto nos filmes do Guel Arraes são os diálogos. O sotaque pernambucano (e também o nordestino, desconsiderando aqui as idiossincrasias de cada Estado e/ou cidade da região) faz com que as conversas e falas sejam muito mais rápidas do que nós, paulistanos/paulistas e demais povos do Sudeste/Sul/Norte/Centro-oeste, muito mais ágeis, conferindo um dinâmismo singular aos filmes. Acho que não erro tanto se afirmar que o falar nordestino, no campo da linguagem, está no mesmo patamar do videoclipe, no campo das imagens. A linguagem é concisa, abusa deliciosamente da metáfora, cria imagens com velocidade na mente de quem ouve.
Fico muito feliz de ver que as pessoas estão, cada vez mais, assistindo a filmes brasileiros. E mais feliz ainda por ver que o público não só não tem preconceitos na hora de escolher o que vai assistir, como parece preferir os filmes cujas histórias se passam no Nordeste. A felicidade se explica: primeiro, porque qualquer preconceito é abominável; segundo, porque tenho sangue nordestino na veia (minha mãe e toda a família dela é pernambucana).
Em resumo: o filme é bom, recomendo. Não revoluciona o cinema brasileiro como O Auto da Compadecida nem como Central do Brasil, mas é divertidíssimo e tem uma história boa pra ouvir e pra ver.