Preconceito e intolerância é nazismo em estado bruto
Uma das coisas de que menos gosto é das pessoas e da sociedade podarem um indivíduo, com lições de moral ou coerção de qualquer tipo.
Muitas pessoas entram tão bem no jogo da Sociedade que acabam por assumir inconscientemente os ditames que ela impõe. A Sociedade, uma espécie de empresa conservadora incorpórea mas onipresente e onipotente, diz para todos, sem falar alto, de forma que se perceba em toda esquina: “siga minhas convenções ou você será diferente do resto das pessoas, e isso é ruim”.
É aquela velha história de se encaixar. Se você não se encaixa, é escroto, estranho e maluco, está “viajando” e deve logo “se corrigir”.
E qual é a forma “correta” para as pessoas medíocres (uso esta palavra num sentido não-pejorativo, de mediano, que poderia ser ou fazer mais do que é ou faz)? Agir como as outras, claro! É preciso ser igual à média, ou seja, medíocre. Agir diferente é, no mínimo, estranho e esquisito.
O que digo não vale apenas para a opção sexual das pessoas, mas para o que elas escrevem, pensam e fazem. Isso é puro fascismo/nazismo. Aliás, Hitler levou a extremos inimagináveis a intolerância ao diferente, ao outro.
Difícil é tentar se livrar dessas amarras e, livre delas, viver. Pergunte a um gênio de qualquer área. Melhor: pergunte a uma gênia lésbica de qualquer área ou apenas a uma lésbica ou a um negro. Estes e outros tantos podem dizer o que é sentir o preconceito na pele.
Às vezes, penso se ter preconceito é culpa da pessoa que o sente ou se ela é impotente frente à força que a sociedade tem (porque esta também é a origem do preconceito). Creio que, hoje, ninguém possa ser eximido de culpa porque todos sabem o que é ser preconceituoso, o que é não aceitar as características do outro.
Ainda que seja difícil libertar-se do preconceito, não se deve desistir, porque a ausência total desse sentimento repulsivo é pré-requisito fundamental para o bom convívio neste planeta (esqueça a pretensa grandiloqüência da frase e atente para o significado. Obrigado). E eliminar o preconceito não significa acabar com a vida em Sociedade, já que esta não é, essencialmente, preconceituosa.
A dificuldade em acabar com o preconceito e a intolerância ao outro é imensa, infelizmente, mais ainda quando se pensa em escala mundial. É mais confortável, porém, pensar que pode acontecer.