Docks para o resto de nós

Usuários do Windows já não precisam mais invejar o dock do Mac OS X

Átila Cavalcante

29/09/2007 (publicado originalmente na PC World)

Qual usuário de Windows não inveja o Dock, um dos mais charmosos recursos do sistema operacional da Apple, o Mac OS X? Eu, pelo menos, me mordo de inveja. Ou melhor, me mordia: recentemente descobri que é possível, sim, ter um Dock idêntico ao dos computadores Macs, ou pelo menos tão bom e funcional quanto.

O primeiro: Y’z Dock

Primeiro, encontrei o Y’z Dock, praticamente idêntico ao do Mac OS X. Incrível: é parecido em tudo, desde o visual até as configurações. Ele pode ser posicionado em 12 pontos da tela, vem com docklets (ícones com funções especiais) para relógio e lixeira (que mostra a quantidade de arquivos e o espaço ocupado em disco). Além disso, tem diversos ícones – como cliente de email e pastas, por exemplo -, feitos num padrão cinza azulado (sim, feio) que você mesmo pode adicionar; pode ser configurado para o japonês e o inglês (ufa!) e, assim como o original do titio Steve Jobs, aceita todos os ícones que você quiser colocar nele. Detalhe importantíssimo: o Y’z Dock pesa apenas cerca de 980 Kb, ou seja, quase não faz diferença no seu sistema.

O japonês M. Yamaguchi, que o criou (daí o nome Y’z Dock), interrompeu o desenvolvimento (http://yz.designtechnika.com/software/yzdock/index_en.html) do software na versão 0.8.3 depois que uma firma de advocacia lhe enviou uma carta em que ameaçava processá-lo caso continuasse desenvolvendo e mantendo o programa para download. Yamaguchi já retirou o arquivo para download do ar, mas ainda é possível (claro!) encontrá-lo em espelhos. Aqui vão dois deles: http://downloads.planetmirror.com/pub/majorgeeks/appearance/yz_dck0083.zip e http://download.freenet.de/archiv_y/yz_dock_5402.html.

O pior: MobyDock

Poucas horas depois, fuçando mais um pouco, deparei-me com outro dock – este visualmente bem diferente daquele da Apple: o MobyDock (mistura óbvia e engraçada do clássico da literatura Moby Dick com a palavra Dock), que em agosto chegou à versão 0.77 e é compatível com Windows XP e 2000.

Bacana, mas muito “burocrático”, é um pouco chato de usar, pois adicionar ícones não é tão simples e rápido como no Y’z (qualidade do Dock original, da Apple, muito apreciada). O visual é à moda XP: a barra em que ficam os atalhos é azul (como o Luna Theme, skin padrão do sistema da Microsoft) e os ícones padrão são os mesmos do SO: Favoritos, Windows Media Player, Painel de controle, Meus documentos, Internet Explorer, Lixeira, etc., com exceção dos dois primeiros à esquerda, o Screenshot e o Weather (que apresenta o clima da cidade definida por você).

É o que mais combina com o Windows visualmente, porém é o que funciona menos: em pouco tempo de uso (aproximadamente 15 minutos) travou e teve de ser fechado, e só voltou a funcionar decentemente após o micro ser reiniciado. Talvez por ser em inglês, o MobyDock tem um problema: em sistemas em português, como o meu, o caminho dos aplicativos aponta para o local errado. Em vez de procurar os softwares na pasta Arquivos de Programas, ele os busca na pasta Program Files. É preciso reconfigurar os atalhos na mão (o que é muito chato).

Apesar dos paus de vez em quando, as vantagens do Mobydock sobre os concorrentes são o fato de ele continuar em desenvolvimento (a Apple não deve ter se preocupado por enquanto, talvez porque o MobyDock ainda não funcione tão bem) e a ferramenta Screenshot, que tira cópias instantâneas da tela nos formatos PNG, JPG, BMP ou TIFF, com opções para escolher o local de salvamento e para copiar apenas a janela ativa do sistema operacional.

O site: www.mobydock.tk.

O indicado: ObjectDock

Quando já não tinha mais esperanças de encontrar outro dock, eis que surge o ObjectDock, da Stardock, a mesma empresa que desenvolve o WindowBlinds (para personalizar o Windows) e o IconPackager (para criar ícones). Depois de usar o Y’z, não esperava muito dele, mas o ObjectDock, ainda na versão 0.95 beta, conseguiu surpreender.

Apesar de não permitir adicionar separadores (como o Y’z), o ObjectDock possui um recurso que ainda não existe em nenhum dos outros dois, mas que é um dos grandes trunfos do Dock original: o Dock Taskbar. Essa função faz com que programas, janelas e arquivos abertos apareçam no dock. E, da mesma forma que no OS X, as janelinhas no dock são minicópias das janelas maximizadas, ou seja, se o usuário minimiza uma janela do Internet Explorer aberta no site da PC World, a versão minúscula dela mostrará uma imagem igualmente pequena do site. Muito, muito bacana para saber com rapidez quais janelas estão abertas.

Outro grande diferencial em relação aos outros dois é a possibilidade de esconder a barra de tarefas do Windows. O único problema é que, como o dock não possui um Menu Iniciar, será sempre necessário usar a tecla Windows do teclado para abri-lo. Uma pena. Porém, se a Stardock quiser mesmo que os usuários deixem de usar a barra de tarefas de Windows e fiquem apenas com o dock, a empresa provavelmente resolverá esse problema nas próximas versões do utilitário.

Outro atrativo interessante são as três opções de “magnification” (o efeito de aumento dos ícones quando o mouse passa sobre o dock). A diferença é sutil, mas útil dependendo do número de ícones que o usuário mantém.

O ObjectDock é, sem dúvida, o mais bacana de todos. Em vários dias de uso, só travou uma vez. E bastou abri-lo novamente para voltar a usá-lo. Vale a pena testá-lo: www.objectdock.com.

Conclusão

É uma pena que o Y’z Dock não possua os mesmos recursos do ObjectDock. Como ele já não é mais desenvolvido, a probabilidade de que ele incorpore as funções parece inexistente. Já as próximas versões do MobyDock têm grandes chances de surgirem com esses recursos, já que seu desenvolvimento não foi interrompido.

Um ponto comum importante nos docks são os ícones. Todos eles são no formato PNG, o que torna sua criação extremamente simples. (Parênteses: em todos, quando o usuário quer apagar um ícone, só é preciso arrastá-lo para fora do dock. E o efeito de fumaça simulando um objeto se desintegrando – chamado de “Poof” – é idêntico ao do Dock da Apple.)

Para fazê-los, não é necessário construir tamanhos diferentes da imagem (como é exigido para que os ícones de 24 bits do Windows XP funcionem adequadamente). Basta criar apenas um, de 128 x 128 pixels, que diminui e aumenta sem perda de resolução. Uma funcionalidade que a Microsoft deveria incorporar nas próximas atualizações do seu sistema operacional.

Átila Cavalcante

www.interligados.net/atila (meu antigo blog pessoal)

atilac sáb 29.set.2007 22:18:00

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