De volta para o futuro
Quer viajar no tempo? Aguarde, isso vai acontecer logo
Átila Cavalcante
Publicado em 2001 no “Brazuca Atômica”, meu Projeto Experimental (TCC) da Faculdade de Comunicação Social – Jornalismo da PUC-SP
Fãs da série De Volta para o Futuro, atenção: a viagem no tempo está mais próxima do que nunca. Apesar de ninguém saber como ela será feita na prática, já é fato que não acontecerá em alta velocidade dentro de um De Lorean como aquele que Martin McFly usava no filme.
Em uma conferência de astrofísica em maio, Ronald Mallet, um pesquisador de física da Universidade de Connecticut, nos EUA, apresentou uma teoria considerada plausível e mais realista que todas as anteriores, sem nenhum impedimento teórico. Segundo ele, a condição para viajar no tempo (mais especificamente, para o passado) é gerar dois feixes de luz girando em círculos e em direções contrárias e, um detalhe importantíssimo: a uma temperatura muito próxima do zero absoluto (-273 ºC ou 0 K).
De acordo com o cientista (que nada tem de Doc Brown, o simpático e agitado cientista do filme), a baixíssima velocidade dos feixes de luz é necessária para criar uma considerável distorção no espaço-tempo, exigência para o sucesso da viagem.
Se essa teoria tivesse surgido no ano passado, haveria dois problemas. Um já foi superado; o outro, ainda não. O primeiro obstáculo – fazer os raios de luz circularem a uma velocidade quase tão baixa quanto os -273 ºC – foi transposto por dois pesquisadores em janeiro deste ano.
A Dra. Lene Hau, da Universidade de Harvard (que já conseguira baixar a velocidade da luz – também conhecida como constante “c” – de 297.000 km/s para 1,6 km), e Dr. Ronald Walsworth, do Centro de Astrofísica Harvard- Smithsonian, ambos nos EUA, fizeram o inimaginável: praticamente pararam a luz. A dupla iluminada obteve o feito fazendo um raio de luz passar por uma câmara recheada com condensado gasoso de átomos de sódio congelado a uma temperatura extremamente próxima do zero absoluto.
Com essa descoberta, tudo estaria perfeito, não fosse o segundo porém: o cientista Mallet – que sonha com a viagem temporal desde os dez anos de idade – ainda não sabe como fará para uma pessoa viajar nessas condições. Afinal, quem aguenta permanecer um segundo que seja nesse frio de rachar?